Cão farejador

Ele não é só o melhor amigo do homem em casa ou nas horas de lazer, o cão também pode ser companheiro de trabalho. Graças ao seu faro tão apurado e disciplina, é o melhor farejador que existe, capaz de encontrar desde um simples brinquedo até salvar uma vida.

Tudo isso se deve ao formato do focinho e a milhões de células olfativas a mais que fazem seu faro ser 16 vezes superior ao olfato humano. Com essa característica, passou a ajudá-lo nas guerras, a localizar vítimas, pessoas perdidas, drogas e explosivos, entre outras tarefas em que atua como farejador, ao lado de policiais e de bombeiros.

Mas isso não aconteceu de um dia para o outro. Demorou mais de 100 mil anos. Iniciou-se quando o homem pré-histórico passou a dar abrigo e restos de comida aos filhotes dos lobos que rondavam as cavernas. Em troca, começaram a protegê-lo e a acompanhá-lo na caça.

Pouco a pouco, esses animais foram se modificando, originando os cães de hoje. O homem foi estimulando seus pontos fortes - como o faro e o sentido de cuidar da matilha (o grupo) - e ensinando-os a obedecê-lo. Foi criando cães que atendiam cada vez mais suas necessidades de trabalho no campo e na caça.

PREFERIDOS - Existem cerca de 450 raças. Todas têm bom olfato. Mas, após vários cruzamentos com os melhores, algumas tornaram-se especiais.

Labrador e golden retriever são ótimos farejadores e para trabalhos de salvamento pelo bom olfato, além de serem dóceis e companheiros. Pastor alemão e rotweiller têm grande poder de concentração, por isso, são mais utilizados para guarda. Outro que reforça o time da polícia é o doberman, obediente e ágil, por ser mais leve que os demais. Entre os de menor porte, beagle e cocker também se destacam.

Entretanto, não é apenas o faro que os tornam ideais. É um conjunto de características, como curiosidade, energia e obediência, que faz a diferença durante o treinamento, que começa, em geral, quando o cão é ainda filhote. (Supervisão Teresa Monteiro)

Outras qualidades - Não é só o faro que o cão tem de melhor. Outros sentidos também são fortes, como audição e visão. Ele ouve sons quatro vezes mais distantes do que o ouvido humano. Pelo movimento das orelhas, consegue localizar de onde vem.

Quem tem cão sabe bem como é chegar em casa e ser recepcionado com festa. Isso acontece porque o animal ouve sons e certas frequências imperceptíveis para nós.

A visão também é diferenciada. Seus olhos ficam do lado da cabeça (não na frente), por isso, o campo de visão é bem maior. Nosso alcance é de 180 graus (só é visível o que está na frente), enquanto que o dele pode chegar a 270 graus, como o do cão da raça galgo. Além disso, consegue enxergar no escuro.

AS FÊMEAS ESTÃO NO COMANDO
Se em algumas profissões, os homens levam vantagem, quando se tratam de cães de salvamento ou farejadores, as fêmeas são melhores. Dos 11 cães que trabalham no 1º Grupamento do Corpo de Bombeiros do Ipiranga, por exemplo, sete são fêmeas. A razão é simples. Ao contrário dos machos, elas não possuem o instinto de marcar território (não saem por aí fazendo xixi em todo lugar) nem se distraem paquerando ou correm atrás da fêmea que está no cio (em época de se reproduzir). Mas tanto o macho quanto a fêmea são capazes de trabalhar sério.

APOSENTADORIA AOS 8 ANOS DE TRABALHO
Não são só os humanos que se aposentam depois de um período de trabalho. Os cães também, com a vantagem de isso ocorrer aos 8 anos de idade. Geralmente, o animal fica com o policial que o acompanha. Caso não deseje, pode indicá-lo para outro companheiro. Por último é encaminhado para doação.

As labradoras Dara e Anny, por exemplo, se aposentaram no ano passado e viraram animais de estimação. Elas ficaram famosas pelas buscas no desabamento do Metrô Pinheiros, em 2007, no acidente da TAM em 2008, entre outras ações.

Fonte: Diário do Grande ABC