domingo, 1 de março de 2009

Glossário de Parasitologia

Agente Etiológico. É o agente causador ou responsável pela origem da doença. Pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto.

Antropozoonose. Doença primária de animais, que pode ser transmitida aos humanos. Exemplo: brucelose, na qual o homem é um hospedeiro acidental.

Cepa. Grupo ou linhagem de um agente infeccioso, de ascendência conhecida, compreendida dentro de uma espécie e que se caracteriza por alguma propriedade biológica e/ou fisiológica. Ex.: a cepa "Laredo" da E. histolytica se cultiva bem a temperatura ambiente, com média patogenicidade.

Endemia. É a prevalência usual de determinada doença com relação a área. Normalmente, considera-se como endêmica a doença cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma idéia de equilíbrio entre a doença e a população, ou seja, é o número esperado de casos de um evento em determinada época. Exemplo: no início do inverno espera-se que, de cada 100 habitantes, 25 estejam gripados.

Epidemia ou Surto Epidêmico. É a ocorrência, numa coletividade ou região, de casos que ultrapassam nitidamente a incidência normalmente esperada de uma doença e derivada de uma fonte comum de infecção ou propagação. Quando do aparecimento de um único caso em área indene de uma doença transmissível (p. ex.: esquistossomose em Curitiba), podemos considerar como uma epidemia em potencial, da mesma forma que o aparecimento de um único caso onde havia muito tempo determinada doença não se registrava (p. ex.: varíola, em Belo Horizonte).

Epidemiologia. É o estudo da distribuição e dos fatores determinantes da frequência de uma doença (ou outro evento). Isto é, a epidemiologia trata de dois aspectos fundamentais: a distribuição (idade, sexo, raça, geografia etc.) e os fatores determinantes da freqüência (tipo de patógeno, meios de transmissão etc.) de uma doença. Exemplo: na epidemiologia da esquistossomose mansoni, no Brasil, devem ser estudados: idade, sexo, raça, distribuição geográfica, criadouros peridomiciliares, suscetibilidade do molusco, hábitos da população etc.

Estádio. É a fase intermédia ou intervalo entre duas mudas da larva de um artrópode ou helminto. Ex.: larva de 1º estádio, larva de 3º estádio, estádio adulto (em entomologia, estádio adulto é sinônimo de instar).

Estágio. É a forma de transição (imaturos) de um artrópode ou helminto para completar o ciclo biológico. Ex.: estágio de ovo, larva ou pupa (portanto, o estágio larva pode passar por dois ou três estádios).

Fase Aguda. É aquele período após a infecção em que os sintomas clínicos são mais marcantes (febre alta etc.). É um período de definição: o indivíduo se cura, entra na fase crônica ou morre.

Fase Crônica. É a que se segue a fase aguda; caracteriza-se pela diminuição da sintomatologia clínica e existe um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente infeccioso. O número do parasitos mantém uma certa constância. É importante dizer que este equilíbrio pode ser rompido em favor de ambos os lados.

Fômite. É representado por utensílios que podem veicular o parasito entre hospedeiros. Por exemplo: roupas, seringas, espéculos etc.

Hospedeiro. É um organismo que alberga o parasito. Exemplo: o hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser humano.

Hospedeiro Definitivo. É o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual.

Hospedeiro Intermediário. É aquele que apresenta o parasito em fase larvária ou assexuada.

Hospedeiro Paratênico ou de Transporte. É o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimento, mas permanece encistado até que o hospedeiro definitivo o ingira. Exemplo: Hymenolepis nana em coleópteros.

Incidência. É a freqüência com que uma doença ou fato ocorre num período de tempo definido e com relação à população (casos novos, apenas). Exemplo: a incidência de piolho (Pediculus humanus) no Grupo Escolar X, em Belo Horizonte, no mês de dezembro, foi de 10%. (Dos 100 alunos com piolho, 10 adquiriram o parasito no mês de dezembro.)

Infecção. Penetração e desenvolvimento, ou multiplicação, de um agente infeccioso dentro do organismo de humanos ou animais (inclusive vírus, bactérias, protozoários e helmintos).

Infestação. É o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superficie do corpo ou vestes. (Pode-se dizer também que uma área ou local está infestado de artrópodes.)

Letalidade. Expressa o número de óbitos com relação a determinada doença ou fato e com relação a população. Por ex.: 100% das pessoas não-vacinadas, quando atingidas pelo vírus rábico, morrem. A letalidade na gripe é muito baixa.

Morbidade. Expressa o número de pessoas doentes com relação a população. Exemplo: na época do inverno, a morbidade da gripe é alta [isto é, o número de pessoas doentes (incidência) é grande].

Mortalidade. Determina o número geral de óbitos em determinado período de tempo e com relação a população. Exemplo: em Belo Horizonte morreram 1 .O32 pessoas no mês de outubro de 2004 (acidentes, doenças etc.).

Parasito Acidental. É o que parasita outro hospedeiro que não o seu normal. Exemplo: Dipylidium caninum, parasitando criança.

Parasito Errático. É o que vive fora do seu hábitat normal.

Parasito Estenoxênico. É o que parasita espécies de vertebrados muito próximas. Exemplo: algumas espécies de Plasmodium só parasitam primatas; outras, só aves etc.

Parasito Eurixeno. É o que parasita espécies de vertebrados muito diferentes. Exemplo: o Toxoplasma gondii, que pode parasitar todos os mamíferos e até aves.

Parasito Facultativo. É o que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro (nesse último caso, isto é, quando não está parasitando, é chamado vida livre). Exemplo: larvas de moscas Sarcophagidae, que podem desenvolver-se em feridas necrosadas ou em matéria orgânica (esterco) em decomposição.

Parasito Heteroxênico. É o que possui hospedeiro definitivo e intermediário. Exemplos: Trypanosoma cruzi, S. mansoni.

Parasito Monoxênico. É o que possui apenas o hospedeiro definitivo. Exemplos: Enterobius vermicularis, A. lumbricoides.

Parasito Obrigatório. É aquele incapaz de viver fora do hospedeiro. Exemplo: Toxoplasma gondii, Plasmodium, S. mansoni etc.

Patogenicidade. É a habilidade de um agente infeccioso provocar lesões. Ex.: Leishmania braziliensi tem urna patogenicidade alta; Taenia saginata tem patogenicidade baixa.

Patognomônico. Sinal ou sintoma característico de uma doença. Ex.: sinal de Romana, típico da doença de Chagas.

Período de Incubação. É o período decorrente entre o tempo de infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas clínicos. Ex.: esquistossomose mansoni-penetração de cercária até o aparecimento da dermatite cercariana (24 horas).

Periodo Pré-Patente. É o período que decorre entre a infecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente infeccioso. Ex.: esquistossomose mansoni-período entre a penetração da cercária até o aparecimento de ovos nas fezes (formas detectáveis), aproximadamente, 43 dias.

Portador. Hospedeiro infectado que alberga o agente infeccioso, sem manifestar sintomas, mas capaz de transmiti-lo a outrem. Nesse caso, é também conhecido como "portador assintomático"; quando ocorre doença e o portador pode contaminar outras pessoas em diferentes fases, temos o "portador em incubação", "portador convalescente","portador temporário", "portador crônico".

Profiaxia. É o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle de doenças ou fatos prejudiciais aos seres vivos. Essas medidas são baseadas na epiderniologia de cada doença. (Prefiro usar os termos "profilaxia", quando uso medidas contra uma doença já estabelecida e "prevenção", quando uso medidas para evitar o estabelecimento de uma doença.)

Reservatório. São o homem, os animais, as plantas, osolo e qualquer matéria orgânica inanimada onde vive e se multiplica um agente infecioso, sendo vital para este a presença de tais reservatórios e sendo possível a transmissão para outros hospedeiros (OMS). O conceito de reservatório vivo, de alguns autores, é relacionado com a capacidade de manter a infecção, sendo esta pouco patogênica para o reservatório.

Sinantropia. É a habilidade de certos animais silvestres (mamíferos, aves, insetos) frequentar habitações humanas; isto é, pela alteração do meio ambiente natural houve uma adaptação do animal que passou a ser capaz de conviver com o homem. Ex.: moscas, ratos e morcegos silvestres frequentando ou morando em residências humanas.

Vetor. É um artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre dois hospedeiros.

Vetor Biológico. É quando o parasito se multiplica ou se desenvolve no vetor. Exemplos: o T cruzi, no T infestans; o S. mansoni, no Biomphalaria glabrata.

Vetor Mecânico. É quanto o parasito não se multiplica nem se desenvolve no vetor, este simplesmente serve de transporte. Ex.: Tunga penetrans veiculando mecanicamente esporos de fungo.

Virulência. É a severidade e rapidez com que um agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro. Ex.: a E. histolytica pode provocar lesões severas, rapidamente.

Zooantroponose. Doença primária dos humanos, que pode ser transmitida aos animais. Ex.: a esquistossomose mansoni no Brasil. O humano é o principal hospedeiro.

Zoonose. Doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e os humanos. Atualmente, são conhecidas cerca de 100 zoonoses. Ex.: doença de Chagas, toxoplasmose, raiva, brucelose.
(NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.)

Um comentário:

  1. Pelo jeito dá p ficar informado aki. Depois da uma passada no meu tbm. Seja uma seguidora. Ai dá p gente trocar mais ideia.

    http://www.brailledalma.blogspot.com/

    Abs

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